sexta-feira, 30 de janeiro de 2009


"um dia eu gostava de pensar que partiste para evitares ver a minha morte um dia eu gostava de pensar que és capaz de amar tanto. queria conseguir dizer. mas estou cansada de dizer coisas bonitas, acho, de verdade, que elas estão só comprometidas com os afectos de quem fica. e ficar, quando se vê partir, é ter o lugar desabrigado na estação. é ficar incomunicável com quem parte e com uma distância desajustada ao corpo que era próximo e que vai ficando cada vez mais pequeno ao longe, tão pequeno que se torna um infinitesimal ponto na linha de visão. e é a esse ponto que se acena, como um palhaço velho no circo, que limpa triste a máscara de tintas ao espelho e sabe que não há muito por onde sorrir. como um palhaço que perde a deixa e sabe que não cativa, mas mesmo assim continua a pedir que a banda toque. o amor eterno solta as últimas notas, preso à saliva de um trompetista mal pago, ao suor de um baterista com fome e ao melancólico suspiro do domador de leões a escutar a um canto. o amor eterno, garatuja, fífia, nota ao lado, o rosto do amado recolhido como tenda depois de fim-de-semana, decalcado na terra, disposto ao último acto. o vento. e mais nada. nem uma palavra tua que realmente me diga alguma coisa de verdade. que brilhe. demos um salto sem trampolim, para a queda."
- Ana Salomé

eu quero ser Dezembro.

(…)
Para viver ao norte de um amor que aconteceu
debaixo do beijo sem lábios de já há muito tempo,
eu quero ser Dezembro.
Como o cadáver branco dos rios,
como os minerais do Inverno.
Eu quero ser Dezembro
Luis García Montero

The Big Cloud


Architectural Review

"By abandoning fantasy for the more pragmatic aspects of building, the profession has lost some of its capacity for self-criticism, not to mention one of its most valuable imaginative tools."

A few interesting covers of Architectural Review magazine from the '60s and '70s.
flickr user 'eversion' has a nice collection here.

it is good for waking up to hear bach..


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Nadav Kander



Serie “Bodies” by a GENIUS of Photography: Nadav Kander

Roi James

"UNFOLDING"

pressing further into light and color
into faith in unknown out comes
into chance
into the care of another
something is guiding it all
even these words
commitment
then let it unfold
let it be what it is to be
then something beautiful emerges
and there it is
Faith, Hope, and Love

The Blue Butterfly

Woman With Scarlet Tanager

Meditation on Fragility

Woman with Eastern Bluebird

Love remembered


Soundtrack by Wojciech Kilar

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Estou só, agora, os outros saíram,
Estendi-me num banco contra a parede.
*
«Diz-me, Blaise, estamos muito longe de Montmartre?»
*
«Separados um homem encontra outro homem mas uma montanha nunca encontra outra montanha»
Blaise Cendrars, Poesia em Viagem

Illustrations by Sterling Hundley.

Ver passar

Sento-me num café e fico uma hora inteira a ver passar na rua as trinta mil pessoas da cidade. Convencidas, vencidas, alegres e tristes, inquietas, calmas, inseguras, deslizam como imagens num écran. Naquele momento, dir-se-ia que cada um concentra em si o destino do mundo. E, afinal, um segundo depois, não fica no seu caminho o mais leve sinal de tanta significação que parecia ter. Representou apenas um papel semelhante ao daqueles protagonistas de tragédias e comédias contadas num jornal que a criada amarrota, mete no fogão e queima.
- Miguel Torga

Photography, by me

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Rememory

You Rememory me?
Yes. I remember you.
You never forgot me?
Your face is mine.
― from Beloved by Toni Morrison











In this series, I have chosen to deliberately subvert traditional expectations of portraiture by asking my subjects to close their eyes. Each person is asked to recall a past event of personal significance, thereby physically inverting and psychologically internalizing their gaze. To encourage each person to negotiate an imaginary mind space free of the camera's appraising gaze, the photographs are made in complete darkness.

The work's title invokes historian Pierre Nora's description of memory as malleable, and in a continuous process of metamorphosis and adaptation. Nora refers to memory not as an act of remembrance, but rather as a feature of the past shaped by the present. Engaging in the act of rememory, my subjects were asked to consciously recall moments from their pasts, while unfailingly, they remain aware of the present, wound within the conspicuous circumstances of the photography session

Tantamount to the subject's experience is the historic evolution of the photographic medium itself and our contemporary conception of it. Although each portrait was taken using a traditional model view camera and film, the negatives were scanned for digital output via the most current and technologically advanced hardware. Within this interplay of past and present, the subtle toning and shallow depth of field of the soft black and white images evoke the melancholy of Victorian era post-mortem photography, whereas scale and presentation posit the images firmly in the present, instigating a dialogue between the two--a rememory of sorts

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rostos II


Rostos



É raro quem tenha tempo para ser vulnerável em frente dos outros. (...)
Pomos uma armadura e somos assim como homens mecânicos.
É impressionante o quão mecânicos conseguimos ser.
Rostos, John Cassavetes
.
.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O som do coração..


John Cage conta que entrou certa vez numa câmara insonorizada (que isola todo o som do exterior) e ainda assim ouviu dois sons, um muito grave e um muito agudo. Quando perguntou ao técnico que sons eram aqueles, ele respondeu-lhe que o mais grave era o som do coração e o mais agudo era o som dos seus próprios nervos.

Cath Riley









Cath Riley with a pencil

Vent


Vent by Erik van Schaaijk.

We are defined by opportunities, even the ones we miss


benjamin: I was thinking how nothing lasts, and what a shame that is.
daisy: some things last.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

good night ..


Quero viajar..

Tenho pedras no bolso.
Muitas pedras no bolso.
Troco duas pedras por uma máquina de pensar.
Quando penso dói-me a cabeça.
Daí as pedras.
Tenho 5 pedras porque penso mal 5 vezes.
Tenho 5 pedras nos bolsos.
Quero viajar.
Mas para viajar é necessário ser leve.
As pedras são pesadas.
Não consigo viajar com tantas pedras.
Tenho tantas pedras dentro da cabeça, dentro do crânio.
Total: 5.
Daí o meu peso.
Impossível viajar com tanto peso.
Quero comprar uma máquina que pense por mim.
Tenho o livro de um filósofo.
Tenho 2 livros de um filósofo.
Um livro é uma máquina que pensa por mim e é uma máquina barata.
Mas eu não quero que pensem por mim sempre da mesma maneira.
O mesmo livro pensa sempre da mesma maneira.
Se eu fechar o livro, calo-me, e as pedras pesam-me mais no crânio.
Se eu abrir o livro começo a falar, mas digo sempre a mesma coisa.
Alguém me disse que um livro de poesia é diferente.
É uma máquina muito mais rápida.
A cada vez que passa, passa de outra maneira.
Deve ter pés estranhos.
Pés adaptáveis à terraou então capazes de a dominar.
De resto nunca li um livro de poesia.
Sou demasiado homem para isso.
Sou demasiado contemporâneo: trabalho muito.
Ler poesia para quê?
Eu trabalho muito, sou contemporâneo.
Ler poesia para quê?
Gonçalo M. Tavares em O homem ou é tonto ou é mulher (Campo das Letras, 2002)

Estranha coisa esta ...


Estranha coisa esta, a poesia,
Que vai entornando mágoa nas horas
Como um orvalho de lágrimas, escorrendo dos vidros,
duma janela,
numa tarde vaga, vaga…

Fernando Namora (1919-1989), in Mar de Sargaços

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Omaha Bitch

This is the music video by Omaha Bitch.
I like, the girl licking her leg and the combination of the music and the the choreography

White Porn Painting - 2008


















White Porn Paintings by Tsang Kin-wah.


BLACK! BLACK! BLACK!
TSANG Kin-Wah

The prisoners think that “White” represents purity, goodness, innocence, nobility and a closer proximity to perfection while “Black” represents evil, inferiority, depravity, etc. So they called themselves “White” even though they are not totally white. What they see, what they think and where they live are all percepted as White.


The freeman, who was called the wisdom lover, grasped the “Goodness” and “Truth” after leaving the cave.


He came back one day and cried out the “Truth” - “BLACK, BLACK, BLACK!”

“What is Purity?”

“What is Impurity?”

“What is Good?”

“What is Evil?”

“What is Love?”

“What is Hate?”

“…”
“NOTHING!”

“NOTHING BUT INTERPRETATIONS!”