terça-feira, 31 de maio de 2016
My New Spot
..com as minhas novas leituras ..
"Quando agora me movo, graciosamente, espero, em direcção da porta marcada Saída, ocorre-me que a única coisa que eu gostava de fazer era ir ao cinema. É claro que o sexo e a arte sempre tiveram precedência sobre cinema , mas nunca nenhum deles se mostrou tão digno de confiança como a filtragem da luz presente através daquela película de celulóide, que projecta imagens e vozes do passado num ecrã, mostrando assim a história por um processo aparentemente simples."
segunda-feira, 30 de maio de 2016
sexta-feira, 27 de maio de 2016
quinta-feira, 26 de maio de 2016
Relógio Sem Ponteiros
Quando agora te debruças sobre a água do tanque, vês projectado, lá no fundo, um relógio sem ponteiros. Percebes, então, que a ferrugem é também uma qualidade e um atributo da água, e não apenas de alguns metais a que chamamos vis. E percebes ainda que já não são necessários os relógios. Tu já não tens idade, nem o tempo, que partilha do halo e da fluidez da água e é, às vezes, como ela, tão inodoro e insípido, se deixa prender, mesmo num vaso de cristal. E não podes, assim, medir-lhe a respiração. A sua duração, se preferes. Se alguma ainda subsiste, é a que é regulada pelos ponteiros do seu próprio corpo.
Albano Martins
Quando agora te debruças sobre a água do tanque, vês projectado, lá no fundo, um relógio sem ponteiros. Percebes, então, que a ferrugem é também uma qualidade e um atributo da água, e não apenas de alguns metais a que chamamos vis. E percebes ainda que já não são necessários os relógios. Tu já não tens idade, nem o tempo, que partilha do halo e da fluidez da água e é, às vezes, como ela, tão inodoro e insípido, se deixa prender, mesmo num vaso de cristal. E não podes, assim, medir-lhe a respiração. A sua duração, se preferes. Se alguma ainda subsiste, é a que é regulada pelos ponteiros do seu próprio corpo.
Albano Martins
.." o tempo é um ladrão, um vilão "
Não posso acreditar", disse Alice. " Ai não?", perguntou a Rainha Branca em tom condoído. " Tenta outra vez; inspira fundo e fecha os olhos." Alice riu, " Não vale a pena tentar", disse: "Uma pessoa não pode acreditar em coisas impossíveis. " Atrevo-me a dizer que não tens muita prática ", disse a Rainha. " Quando tinha a tua idade, fazia sempre isso meia hora por dia. Ora, cheguei a acreditar em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço."
É tão bom começar a manhã com tudo o que
queremos ser neste dia, olhar sem medo pela
janela, ensaiar uns passos fora da pele.
Já não somos nós, nem mesmo é nosso o dia.
Tropeçamos nos olhos espantados à volta
do que vemos, precipitamo-nos para dentro e é tudo
o pouco que fizemos. Dizemos que a pele
é a nossa casa, enumeramos as assoalhadas,
a arquitectura sólida, as vantagens de grades
nas janelas. Depois fica-se triste até ao fim do dia.
Há quem faça compras ou coma chocolate,
quem diga mal de todos, quem não acorde a espreitar
pela pele como ser outro, mas ele está a dois passos,
a respiração, a temperatura, o olhar, o corpo móvel
que se afasta levando o horizonte e só nos resta
sonhar com a manhã seguinte e todos os dias –
- todos os dias - mentimos para dentro da pele.
Rosa Alice Branco
queremos ser neste dia, olhar sem medo pela
janela, ensaiar uns passos fora da pele.
Já não somos nós, nem mesmo é nosso o dia.
Tropeçamos nos olhos espantados à volta
do que vemos, precipitamo-nos para dentro e é tudo
o pouco que fizemos. Dizemos que a pele
é a nossa casa, enumeramos as assoalhadas,
a arquitectura sólida, as vantagens de grades
nas janelas. Depois fica-se triste até ao fim do dia.
Há quem faça compras ou coma chocolate,
quem diga mal de todos, quem não acorde a espreitar
pela pele como ser outro, mas ele está a dois passos,
a respiração, a temperatura, o olhar, o corpo móvel
que se afasta levando o horizonte e só nos resta
sonhar com a manhã seguinte e todos os dias –
- todos os dias - mentimos para dentro da pele.
Rosa Alice Branco
segunda-feira, 23 de maio de 2016
sábado, 21 de maio de 2016
LA MERDA Silvia Gallerano - de Cristian Ceresoli
excelente texto, excelente performance..
( Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada )
"Silvia Gallerano é um corpo que fala. E fala ininterruptamente durante a hora que dura La Merda, texto de Cristian Ceresoli escrito num jacto de fluxo de consciência, numa queda livre até acabar esborrachado nos carris de uma linha férrea. Está integralmente nua o tempo todo, uma nudez que nada tem de erótica, apenas amplia a fragilidade e a raiva que, de forma alternada, possuem a actriz. La Merda é uma peça biliar, despejada para o papel a partir do diagnóstico feito por Ceresoli de que aquele corpo, sem roupas que o classifiquem ou definam desta ou daquela maneira, em branco para que todos se possam projectar nele, é o corpo de uma sociedade suicidária. "
quarta-feira, 11 de maio de 2016
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