segunda-feira, 23 de março de 2009

O teatro dentro do teatro

O meu 1º dia de primavera começou com “Esta noite improvisa-se” e não começou mal!


A destacar dois fantásticos momentos;
- O aparato cénico, a recriar uma procissão siciliana onde o belíssimo trabalho musical da actriz a cantar Verdi.
- E o monólogo de 15 minutos de uma actriz em palco Mommina (Sílvia Filipe) a descrever às filhas o que é o teatro, a explicar-lhes a magia que está para lá daquele pano vermelho de veludo, um possível apelo à vida, acabando por morrer quando já não há mais por dizer:

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MOMMINA Vou agora mostrar-vos, o teatro! Primeiro vou dizer-vos como é. Uma sala, uma sala grande, com muitas filas de camarotes em redor, cinco, seis filas cheias de lindas senhoras elegantes, com plumas, jóias, leques, flores; e senhores de fraque com pérolas no plastron e gravata branca; e muita gente, muita, nas poltronas vermelhas da plateia; um mar de cabeças; e luzes, luzes por todo o lado; um lustre no meio que parece cair do céu e que parece ser todo de diamantes; uma luz que encandeia, que inebria como não podem imaginar; e um rumor, um movimento; as senhoras a conversar com os cavalheiros, a cumprimentarem-se de camarote para camarote, uns sentados na plateia, outros a olhar pelo binóculo... aquele de madrepérola que eu vos dei para verem os campos... aquele... levava-o eu, levava-o a vossa mamã quando ia ao teatro, e olhava ela também, naquele tempo... De repente as luzes apagam-se. Ficam acesas apenas as luzinhas verdes da orquestra que está na frente da plateia por baixo do pano de boca; os músicos já lá estão, tantos, tantos, a afinar os instrumentos; e o pano de boca é uma cortina mas grande e pesada, de veludo vermelho e franjas de ouro, uma magnificência; quando se abre... o maestro já entrou com a batuta para dirigir os músicos... começa a ópera: vê-se o palco que é uma floresta, ou uma praça, ou um palácio; e a tia Totina entra para cantar com os outros enquanto toca a orquestra... É isto o teatro... Mas antes, antes era eu quem tinha a voz mais bonita...
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Um texto difícil que poderia ser uma grande chatice - já o vi assim aqui e ali, mas que nesta encenação tem uma força e uma boa disposição contagiantes. Nota-se que os actores se divertem. Isso salta para fora do palco e é tão bom. Até um falso intervalo tem...
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A ver no: Teatro Nacional D. Maria II
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(gracias Pepito pela improvisação)

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