terça-feira, 20 de abril de 2010

NOS DIAS TRISTES NÃO SE FALA DE AVES


Nos dias tristes não se fala de aves.
Liga-se aos amigos e eles não estão
e depois pede-se lume na rua
como quem pede um coração
novinho em folha.
Nos dias tristes é Inverno
e anda-se ao frio de cigarro na mão
a queimar o vento e diz-se
- bom dia!
às pessoas que passam
depois de já terem passado
e de não termos reparado nisso.
Nos dias tristes fala-se sozinho
e há sempre uma ave que pousa
no cimo das coisas
em vez de nos pousar no coração
e não fala connosco.
(Filipa Leal, in "A Cidade Líquida e Outras Texturas"/ Deriva Editores)

one, day of week, one, iceberg, in my coast...


quinta-feira, 8 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

Atlas Sound

Atlas Sound, o projecto a solo do vocalista dos norte-americanos Deerhunter, que vi actuar em 28 de Maio de 2008 na primeira parte do concerto dos Animal Collective no Lux, em Lisboa.
Aqui fica um registo (With Laetitia Sadier)

i wanted to live the life of a princebe
cause I thought saints were born saints
so indeed we didn't stand a chance
insalubrious offshoots of nature
with heart and mind of our own
all the daughters all the sons
taking centuries to unearth the creature
heralding a stage
where consciousness is higher
taken through a costly process
of success and failure
i thought saints were born saints
i looked in the dirt
and found wisdom is learnt
through a costly process
of success and failure

I Am Love

Tilda Swinton is the new scarlet woman

sexta-feira, 26 de março de 2010

(...)
Mas saibam que todo o homem
Mata o que é por si amado;
Há quem gentilmente o faça,
Quem o faça despeitado,
O fraco mata com um beijo,
O forte mata com a espada!
(...)
Oscar Wilde.

PARSIFAL ESCREVE À SUA AMIGA


No meu íntimo sou ainda muito novo, escrevia Parsifal à sua amiga, e por isso descuro muitas coisas, leio todos os livros e dedico a minha atenção, de passagem, à generalidade das pessoas, sejam elas quem forem. Acontece comigo o que acontece com todas as outras pessoas: preferimos ocupar-nos com os outros do que com nós próprios, preocupamo-nos com eles, porque notamos os seus defeitos. Os meus são notados pelos outros mais do que por mim próprio e eu sou citado nas conversas deles tal como eles são tema das minhas conversas. Nunca me passou pela cabeça pensar mal de mim próprio. A convicção de que tenho algum valor nunca me abandona. Tu e outros como tu, no entanto, bem gostariam de me intimidar, mas como hei-de eu enganar-me a mim próprio só para vos agradar? Para isso teria de ser desonesto. Só de pensar nos teus encantos, comecei a dançar e caí ao chão; dei entrada no hospital e, em vez de te mandar dizer o que me sucedera, como seria devido, deixei-me embalar pela ilusão de que estava sempre junto a ti. Tu estavas sempre à minha beira e a olhar para mim. Talvez seja verdade que o amor é o próprio inimigo do amor. Foi unicamente por lealdade que fui desleal para contigo e agi de modo bem feio unicamente para poder desfrutar da beleza. Depois, quando caí em mim, já não tive coragem para ir ter contigo, andei a vaguear por aí, o meu espírito e a minha alma para sempre intimamente dependentes de ti e, portanto, tranquilos para sempre. Olha, amiga minha, a verdade é esta: não me aprouve ir ter contigo, porque tu me tinhas já feito demasiado feliz e poderias, talvez, tirar-me aquilo que já era meu. Para falar francamente, eu já tinha de ti o suficiente, ou seja, estava já tão possuído por ti que não carecia mais da tua presença. Além disso, sentia-me envergonhado, porque tinha pensado demasiado em ti. Algo me impele a travar conhecimento com uma outra mulher qualquer para a enganar de maneira sedutora, para lhe prestar todas as atenções, atenções a que só tu tens direito. Não é verdade que me roubaste toda a minha alegria, que me qualificaste de criança insegura? O amor faz de nós crianças; será que eu devo permitir que me inflijam tal empobrecimento? Foi por, na tua preseça, me ter tornado assim um pobrezinho que já não pude dispor-me a voltar para ti e que usei de todas as minhas forças para reencontrar o caminho que conduz a mim mesmo. A pouco e pouco, fui deixando de saber chorar com saudades tuas. Esquecer-te, isso não poderei nunca, mas tão-pouco me posso forçar a descurar, por tua causa, aquilo que me rodeia. Com o passar do tempo, uma chama como esta tornar-se-ia monótona. Terei eu o direito de permitir a um único sentimento que faça o meu espírito mergulhar nas trevas, de lhe permitir que conceda à felicidade o poder de me tornar infeliz? Tenho o dever de velar por que as minhas faculdades se mantenham vivas. Por causa do amor que nutro por ti não vou descurar o dever que todo o homem tem de procurar honrar o seu semelhante, proporcionando-lhe a visão de algo a que ele possa dizer sim. À visão de alguém que se sente desgraçado pela derrocada de um sentimento afectivo o mundo diz não, e eu não sou homem para não me sentir magoado, se vir alguém tratar-me com comiseração. Amo-te e tu és minha e, porque és minha, não sinto necessidade de voltar a ver-te. Para quê pormo-nos em movimento para apanharmos aquilo que já nos pertence? Cumulaste-me de tudo à saciedade e para sempre, deste-me em demasia, deixaste que eu te tomasse demais para que eu agora necessite que me dês ainda qualquer coisa mais. Quem iria querer que lhe continuassem a verter líquido num recepiente que já está cheio até à borda? Numa palavra, acho-te demasiado bela para seres desejada e coloquei-te demasiado alto para que possas continuar a satisfazer-me. Não gosto de me dar com quem habita as alturas e não quero desempenhar um papel de que tu não poderias deixar de fazer mau uso. Alguma vez te considerei inteligente? De maneira nenhuma! Tão-pouco me aproveitei de ti e, se alguma vez te veio à mente sorrir da humildade da minha atitude, terás decerto ficado já também surpreendida comigo, o que eu estou quase disposto a permitir-te, porque, a par de todo o prazer que sinto em me dedicar aos outros, há sempre em mim o vivo desejo de que sintam consideração por mim. Este desejo será talvez demasiado evidente, mas, tendo sido dotado com ele, não posso deixar de o ter em linha de conta. E depois há qualquer coisa em mim que me faz sentir feliz, quando desdenho da felicidade. O meu desdém por ti, minha bela, leva-me a pôr as mãos em prece para pedir perdão a Deus mas, ainda que esteja morto de saudades tuas, não me agrada nada a ideia de me sentir dependente de ti. Não posso confiar em ninguém senão em mim próprio, porque só eu sei o caminho que devo trilhar e, portanto, tenho de ser fiel a mim próprio.

Robert Walser, in "A Rosa" relógio d'água, 2004

«Zeitgeist»

Ontem foi uma noite revivalista,
Fui ao concerto afim de recordar a minha infância o meu irmão os seus discos e a musica psicadélica e avant-garde que define o krautrock.

Não tenho o hábito de aqui escrever sobre todos os concertos ou espectáculos que vejo (guardo este cantinho apenas para as coisas que me encantam) mas vou abrir uma excepção para estes senhores;
Os Tangerine Dream, tocaram quase três horas e meia de concerto (bastante excessivas), esperava ouvir alguma coisa dos velhinhos temas, mas Edgar Froese (o mentor da banda) preferiu um “chili out” demasiado electrónico e repetitivo.

quinta-feira, 25 de março de 2010


Venho por este meio, certificar que tu A estás apta a emocionar-te, sentir nas entranhas aquela borboleta negra que te provoca a sensação de escravidão recorrente dos sentidos.
Não é de dores no corpo contudo que padeces, pois as tuas lágrimas são secas.
Estás apta a emocionar-te.
Porque não acredito na perfeição, dou-te um 19.
Apta com distinção, porque acreditaste.
Acreditar é a minha grande lição, apesar de não ser professor e de te ter dado a nota, o que no fundo não faz sentido, pois fui eu quem te disse um dia, “- preciso de me emocionar.”
As úlceras provocadas pelas asas metálicas das borboletas negras, acabarão por sarar e as dores desaparecerão.
Provavelmente perceberás isso num “clic”, apesar do processo ser progressivo.
Nesse momento lembrar-te-ás que hoje alguém te disse que tinhas obtido a competência para te emocionares e que isso é magnífico.
Esse é o dia em que vais emergir com uma nova competência para ser feliz.
de C.V.

Some girls...

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Vinicio

Depois de um espectáculo memorável e surpreendente, em 2007,(http://asongofpurehappiness.blogspot.com/2007/11/envolvente-e-encantatrio.html ), Capossela deu ontem mais um concerto na Culturgest, em Lisboa.
Desta vez, Capossela traz um «espectáculo musical circense», baseado no seu último álbum, Da Solo, lançado em Outubro de 2008.

Embora mais introspectivo este concerto (para mim, claro) foi bastante mais alegre no conjunto. Genial mais uma vez a forma dramática e teatral que imprime nos seus espectáculos, é daqueles casos em que os concertos são bem melhores do que só a audição ou o visionamento via outro meio.

Uma palavra para o Mágico, o Feiticeiro, A Pinhata de Natal Humana, Christopher Wonder que deixou enternecida a plateia com a seu trabalho magnifico e fantástico.

Morna
No céu de cinzas afunda
O dia dentro da onda
À beira da noite
Temo desaparecer também na sombra
A noite que se aproxima é uma orquestra
De pirilampos e giesta
Entre ecos de brindes e fogos
Viúvo de ti
Sempre só sempre de parte e abandonado
Quanto mais me afasto mais ela regressa
Na pena de uma morna

E no amor que sinto sopra um lamento quente
E vem do escuro e do mar
Quão grande é a noite e o teu pensamento cá dentro

Escondido no escuro e no mar
Já não grito
E imaginar ainda
Que aqui só há vento
E então as palavras

Será o vento da noite
Que molha e de seguida se enxuga
E lábios e vozes que se recordam
E carne que se abana
Será a ausência
Que me apaixona
Como me apaixonou.
Tristeza que não vem sozinha

E não é de agora
Mas alimenta-se e cobre-se de dias
Passados em desgraça
Quando a vida é desperdiçada
Uma vez
É desperdiçada sempre

E no amor que sinto sopra um lamento quente
E vem do escuro e do mar
Quão grande é a noite e o teu pensamento cá dentro

Escondido no escuro e no mar
Já não grito
E imaginar ainda
Porque tudo é somente
Vento e saudade de então

Será que o vento da noite
Molha e de seguida se enxuga
Será ainda música e sorriso
E um coração que não se cala
Será a espuma dos meus dias
Que se enche e depois se espuma
Será a alma que se torna
Na festa de uma morna

segunda-feira, 22 de março de 2010

'(...) The birds are silent in their nest.

And I must seek for mine. (...)'

sexta-feira, 19 de março de 2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

Um concerto de sonho...

ontem no Santiago Alquimista


Continuam vivos os Dead Can Dance..
Apesar, de em algumas músicas sentir a falta do Yangqin (instrumento tradicional da China) e daquele “idioma” criado pela Lisa, foi um Brendan magnifico com uma voz que superou todas as minhas expectativas, que superou o desempenho que vi em Madrid num dos ultimos concertos dos DCD. (foi optimo ter como companhia os mesmos que foram a madrid e mais aqueles que nunca tinham tido o privilégio de os ver ao vivo, as expressões de alegria no final foi a melhor prenda da noite)
Como explica a Lisa : "Eu reconheci que ele era brilhante no momento em que o vi tocar. Brendan é extremamente inteligente, lúcido e tem uma fantástica habilidade de comunicar através da música". E foi em parte devido à inteligência musical de Brendan Perry que os Dead Can Dance seguiram pelos caminhos que hoje, mesmo após a sua separação, os tornam num grupo de culto, que conquistou uma legião de fãs pelo mundo inteiro. Segundo Lisa, "Brendan explorava todo o tipo de coisas. Era um percussionista e um antropologista de muitas musicalidades e eu estava bastante receptiva às suas descobertas".
Pela 1º vez, num final de concerto bati palmas ao homem da mesa de mistura, (o som mais bem conseguido que já ouvi naquela sala) não poderia ser mais intimista, ele vai voltar a Portugal depois de se ter rendido a uma sala cheia e com tantos fãs.
http://www.brendan-perry.com/

sexta-feira, 12 de março de 2010

The Cove

The Cove” é um excelente e inspirador documentário que merece ser visionado por qualquer espectador e que deve ser divulgado por todos.”
é absolutamente imperdível.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Max Richter em Henry May Long

Ávido por "ouver" o filme, que verei (caso seja mau) de olhos fechados e direi no fim :
foi e é um filme lindo.

Mono

Os fazedores de bandas sonoras para filmes que não existem, a não ser nas suas próprias cabeças e nas de quem os ouve.
Ontem na Musicbox , uma grande noite de concerto

terça-feira, 9 de março de 2010

Stuart Pearson Wright

I-remember-you

já cá canta..

Depois de ouvir várias versões, acabei por comprar o DVD da Cecilia Bartoli Live in Italy, edição Decca Live. Händel "Lascia la Spina", Cecilia Bartoli

Lascia la Spigna...é o mesmo material musical...que Handel estreou numa personagem da oratória Il tronfo dil tempo e disingano em 1707 e depois reaproveitou para a ópera Rinaldo 4 anos depois com o nome lascia la Ch io Pianga.
Vamos esquecer o trauma Farinelli...hoje em dia é impossível ter estas árias cantadas por castra ti...porque não existem e qualquer contra tenor não traduz nunca o que eram essas vozes, e adorar contra tenores é coisa de bicha foleira e armada ao pingarelho (como diz um amigo meu). (Exagero...claro, porque o Andreas Scholl e o David Daniles cantam bem este tipo de árias mas é sempre por aproximação
Quase todas as cantoras deste reportório foram tentadas por esta ária...das históricas a maior das maiores é a Grande
Lascia Ch'io Pianga - Marilyn Horne , que é bastante boa e recomendável.

http://asongofpurehappiness.blogspot.com/2010/03/no-ouvido.html
http://asongofpurehappiness.blogspot.com/2009/04/anti-christ.html

sexta-feira, 5 de março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010


apenas preciso de alguém que me sorria e reponha o mesmo disco sempre a tocar e escute comigo o vento nas janelas e sinta a tristeza que têm os gladíolos murchando em cima da mesa
Al Berto

(...)

talk about the weather
will you miss me ever?
lately i'm obsessed
and i need the rest...

i hope that you're impressed
i need the rest
and my head's a mess
i need the rest
i need the rest
i need the rest

no ouvido

Quando sai do cinema, depois de ver o “Antichrist” a ansiedade e a vontade louca para adquirir esta versão "Lascia ch’io piang" apoderou-se de mim da mesma forma que me encantou o trabalho do Lars. É com ela que abre e fecha o filme num modo de prólogo e epílogo é sem dúvida uma das mais belas árias de Handel para mim (que já conhecia também duma outra versão feita para um outro grande filme "Farinelli").

Esta Ária pertence a ópera Rinaldo (estreada no King’s Theater de Haymarket de Londres en 1711). Aquí na versão de Tuva Semmingsen com a Barokksolistene, gravada na cidade Kastelskirken de Copenhagen para a banda sonora do filme “Antichrist” (2009) de Lars Von Trier.

terça-feira, 2 de março de 2010

Tim Simmons


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Tim Simmons é um fotógrafo que nasceu em 1955, vive e trabalha em Londres e Nortfolk. Tem um domínio da iluminação notável em ambientes muito especiais. Escolhi uma selecção das suas series dedicadas á neve ( página ) tem mais series todas, muito interessantes.

Ewelina Ferruso

yin and yang

golden weeds

peace in the garden
by:

segunda-feira, 1 de março de 2010

Maiorca


Uma peça cheia de puzzles corporais com o soberbo Pedro Burmester ao vivo a interpretar Frédéric Chopin .
Assim foi Maiorca, de Paulo Ribeiro, Sábado no São Luiz.