Nos velhos discos de jazz também gosto
de ouvir o ruído que vem do público.
Há alguém que grita com a voz rouca,
feliz pela prestação dos músicos.
Há aplausos; um copo partido.
O pulsar do lugar no subúrbio
de uma cidade do Sul. Momentos únicos
que regressam sempre do passado.
A vida deve ser qualquer coisa assim,
para lá da morte: o perdido
rumor de vozes numa noite de música.
E a nossa alma imortal deve ser
este instante preciso, frágil, breve,
em que um copo retine num velho disco de jazz.
Joan Margarit, "Misteriosamente Feliz".
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