quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Ode Marítima ..




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Ah, todo o cais é uma saudade de pedra! 
E quando o navio larga do cais 
E se repara de repente que se abriu um espaço 
Entre o cais e o navio, 
Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente, 
Uma névoa de sentimentos de tristeza 
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas 
Como a primeira janela onde a madrugada bate, 
E me envolve como uma recordação duma outra pessoa 
Que fosse misteriosamente minha. 
...

Álvaro de Campos

Tejo-Cais
Photo by Paulo Gil

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