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Regresso sempre a ti, ilha,
à casa do silêncio,
às falésias da tua loucura,
ao berço que se move eternamente no
quarto da angústia,
regresso,
ilha, depois das estradas que conheceram o meu
corpo e a minha saudade,
depois das eras de gelo e trevas,
depois dos incêndios,
regresso como quem já viu todas as luas e
todos os barcos ancorados,
todas as aves, todos os peixes cegos,
todas as rosas de basalto,
depois da paixão e dos crimes e da extrema
claridade,
depois das cinzas onde se apagam os
astros e as tuas tranças,
regresso para suplicar-te, ilha,
que me devolvas as cadeiras e os terraços
da mocidade,
a avó, o tio, o pai, os pássaros que ouvi
nos ramos da antiga árvore,
o mar, o iodo, o fim das tardes,
os frutos mais estranhos e o vinho
dos amigos perdidos,
regresso, ilha,
para dizer-te que já não tenho endereço,
que já não tenho idade,
que espero por ti como se fosse a mãe da mãe
que no coração trago,
regresso sem o primeiro sonho e sem a
bondade,
porque já não sei onde cantar,
onde abrir os braços à juvenil chama que
o vento apagou,
porque já não sei, ilha,
como deitar-me nas tuas levadas e no
teu regaço,
e, como um menino que procurava na
noite dos céus o rosto de Deus e das
noite dos céus o rosto de Deus e das
estrelas,
já não sei adormecer simplesmente.
José Agostinho Batista in. "anjos caídos" assirio & alvim
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