Já algum tempo que um filme não mexia comigo de uma forma tão perturbadora ( um dos últimos ; "A Noite Cairá" ), com uma carga diferente ( documental ), conseguimos ver as coisas á distancia .. O Filho de Saul, mesmo querendo "sair" do filme ou da perturbante narrativa, lançando um olhar mais técnico e desligando a ficha da história, não conseguimos e a culpa é do Tamas Zanyi responsável pelo som do filme, sendo que o som é um dos elementos mais avassaladores neste retrato de dois dias da vida de um Sonderkommando no campo de concentração de Auschwitz/Birkenau. E da câmara que ora está agarrada a um grande plano da cara de saul ora segue-o obsessivamente (muitas vezes correndo atrás dele, "colada" às suas costas). De tal modo que, muitas vezes, o horror pode ser expresso "apenas" através do som de um cadáver, desfocado num canto da imagem, a ser arrastado pelo chão.
Estar no espaço de uma pessoa. Acompanhar os seus actos. Estar com ela no Inferno.
Estar no espaço de uma pessoa. Acompanhar os seus actos. Estar com ela no Inferno.
"O Filho de Saul é, então, um documentário sonoro (é prodigioso o trabalho de som) sobre o quotidiano nos campos. "
Imagens por vezes desfocadas dos acontecimentos fora e dentro num ritmo frenético algumas vezes sem diálogos em que só o som permite que o espectador reconheça o que já sabe, que reconstitua com o que imagina.. e aquilo que imagina é dantesco.
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