quinta-feira, 25 de março de 2010

Vinicio

Depois de um espectáculo memorável e surpreendente, em 2007,(http://asongofpurehappiness.blogspot.com/2007/11/envolvente-e-encantatrio.html ), Capossela deu ontem mais um concerto na Culturgest, em Lisboa.
Desta vez, Capossela traz um «espectáculo musical circense», baseado no seu último álbum, Da Solo, lançado em Outubro de 2008.

Embora mais introspectivo este concerto (para mim, claro) foi bastante mais alegre no conjunto. Genial mais uma vez a forma dramática e teatral que imprime nos seus espectáculos, é daqueles casos em que os concertos são bem melhores do que só a audição ou o visionamento via outro meio.

Uma palavra para o Mágico, o Feiticeiro, A Pinhata de Natal Humana, Christopher Wonder que deixou enternecida a plateia com a seu trabalho magnifico e fantástico.

Morna
No céu de cinzas afunda
O dia dentro da onda
À beira da noite
Temo desaparecer também na sombra
A noite que se aproxima é uma orquestra
De pirilampos e giesta
Entre ecos de brindes e fogos
Viúvo de ti
Sempre só sempre de parte e abandonado
Quanto mais me afasto mais ela regressa
Na pena de uma morna

E no amor que sinto sopra um lamento quente
E vem do escuro e do mar
Quão grande é a noite e o teu pensamento cá dentro

Escondido no escuro e no mar
Já não grito
E imaginar ainda
Que aqui só há vento
E então as palavras

Será o vento da noite
Que molha e de seguida se enxuga
E lábios e vozes que se recordam
E carne que se abana
Será a ausência
Que me apaixona
Como me apaixonou.
Tristeza que não vem sozinha

E não é de agora
Mas alimenta-se e cobre-se de dias
Passados em desgraça
Quando a vida é desperdiçada
Uma vez
É desperdiçada sempre

E no amor que sinto sopra um lamento quente
E vem do escuro e do mar
Quão grande é a noite e o teu pensamento cá dentro

Escondido no escuro e no mar
Já não grito
E imaginar ainda
Porque tudo é somente
Vento e saudade de então

Será que o vento da noite
Molha e de seguida se enxuga
Será ainda música e sorriso
E um coração que não se cala
Será a espuma dos meus dias
Que se enche e depois se espuma
Será a alma que se torna
Na festa de uma morna

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